O volume negociado nos mercados de previsão aumentou expressivamente nos últimos meses, superando o das memecoins e dos tokens não fungíveis (NFTs).
Enquanto isso, os principais agentes do setor disputam espaço nesse segmento em expansão. Esse movimento faz surgir uma questão central: os mercados de previsão serão a próxima grande tendência da cripto?
Em publicação recente no X, um analista apontou que, embora NFTs e memecoins tenham liderado a atividade de negociação em anos anteriores, o mercado passou por uma mudança significativa. Segundo o post, em outubro, os mercados de previsão registraram volume mensal de US$ 7,5 bilhões.
Para efeito de comparação, as memecoins movimentaram US$ 2,7 bilhões, enquanto os NFTs ficaram atrás, com cerca de US$ 600 milhões. A diferença se ampliou no mês seguinte.
O volume nos mercados de previsão subiu para US$ 9,5 bilhões. Ao mesmo tempo, memecoins e NFTs registraram queda, com volumes de US$ 2,4 bilhões e US$ 200 milhões, respectivamente.
Outro analista acrescentou que, na Solana, o volume negociado pela Polymarket se aproxima do da Pump.fun, ressaltando a rapidez com que o segmento ganha relevância.
Esse desempenho evidencia uma separação no comportamento dos traders. As memecoins, antes impulsionadas por narrativas comunitárias e especulação, perdem cada vez mais o interesse dos investidores. As prioridades parecem migrar para plataformas com utilidade clara e participação baseada em resultados.
O comentarista de mercado Mario Nawfal compartilhou essa visão, argumentando que o capital está “indo para resultados, não para piadas”.
John Wang, Head de Cripto na Kalshi, explicou que as memecoins perdem força devido às suas estruturas de extração, vantagens internas e dúvidas não resolvidas sobre justiça.
Apesar de seguirem como ferramentas eficazes para criação irrestrita de ativos e crescimento viral, Wang argumentou que os mercados de previsão apresentam mais transparência e maior engajamento social.
Vale destacar que mercados de previsão existem há anos. No entanto, maior clareza regulatória e participação institucional ajudaram a legitimar o setor, impulsionando expressiva adoção.
Dados do Dune mostram que os mercados somaram 278.872 usuários ativos semanais nos últimos sete dias. O volume nominal negociado na semana alcançou o recorde de US$ 3,82 bilhões, enquanto as transações atingiram o pico de 12,67 milhões. Os dados evidenciam elevado engajamento.
De forma relevante, o interesse agora vai além dos negociadores de varejo. Grandes instituições aceleram sua entrada no segmento. A Coinbase, segundo apuração, planeja lançar mercados de previsão.
A afiliada da Gemini, Gemini Titan, LLC, também recebeu licença de Mercado de Contratos Designados da Commodity Futures Trading Commission. A aprovação permite que a Gemini comece a disponibilizar mercados a clientes nos Estados Unidos. O grupo Trump Media & Technology também anunciou planos de ingressar nesse mercado.
Apesar do avanço, existem desafios. Os mercados dependem de oráculos confiáveis para a resolução dos eventos. Qualquer disputa sobre resultados pode abalar a confiança. Riscos de manipulação ainda preocupam, principalmente em situações de baixa liquidez ou eventos de nicho. Os próximos meses mostrarão se os mercados de previsão seguirão ganhando força.
Dentro desse avanço, o Polymarket desponta como o principal nome dos mercados de previsão descentralizados. A plataforma ganhou tração ao oferecer contratos ligados a eventos políticos, econômicos e esportivos, com liquidação baseada em resultados verificáveis. A proposta atraiu traders interessados em exposição direta a probabilidades reais, em vez de narrativas especulativas.
A rápida expansão do Polymarket também reflete uma mudança no perfil do usuário. Diferentemente das memecoins, o foco recai sobre análise de cenários, leitura de dados e avaliação de riscos. Esse modelo favorece maior recorrência de negociações e contribui para volumes mais estáveis ao longo do tempo.
Outro fator relevante é a integração com blockchains de alta performance, como a Solana, o que reduz custos operacionais e amplia a participação de investidores de menor porte. Esse conjunto de características ajudou a posicionar o Polymarket como termômetro de expectativas do mercado, especialmente em eventos de grande repercussão global.
Paralelamente ao crescimento do Polymarket, a Kalshi reforça o movimento de institucionalização dos mercados de previsão. A plataforma opera sob arcabouço regulatório nos Estados Unidos e concentra sua atuação em contratos vinculados a indicadores macroeconômicos, decisões regulatórias e dados oficiais.
Nesse contexto, ganha destaque a trajetória de Luana Lopes, cofundadora da Kalshi. Brasileira, ela se tornou um dos nomes mais influentes do setor ao liderar a expansão da empresa em um ambiente regulado. Avaliações privadas da companhia passaram a posicioná-la entre as executivas mais bem-sucedidas da nova economia digital, com participação societária considerada bilionária.
A presença de uma liderança brasileira em uma das principais plataformas do segmento reforça o caráter global dos mercados de previsão e evidencia como o setor atrai talentos fora dos polos tradicionais de tecnologia. Além disso, o modelo regulado da Kalshi contribui para reduzir resistências institucionais e ampliar o diálogo com órgãos supervisores.
O avanço simultâneo de plataformas descentralizadas, como a Polymarket, e reguladas, como a Kalshi, sugere que os mercados de previsão caminham para um modelo híbrido. De um lado, eficiência, liquidez e acessibilidade. De outro, credibilidade institucional e segurança jurídica.
Esse equilíbrio tende a ser decisivo para a consolidação do segmento. Caso consigam manter transparência na resolução dos eventos e atrair liquidez consistente, os mercados de previsão podem ocupar um espaço estrutural no ecossistema cripto, deslocando gradualmente a atenção antes concentrada em ativos de caráter puramente especulativo.
O artigo Mercados de previsão estão superando as memecoins? foi visto pela primeira vez em BeInCrypto Brasil.

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