Quando Donald Trump retornou à Casa Branca, grande parte do mercado de cripto esperava um roteiro familiar. Retórica pró-cripto, regulamentação mais amistosa, entrada de investidores institucionais e maior apetite ao risco deveriam se combinar para criar um expressivo mercado de alta.
No entanto, com o encerramento de 2025, o mercado de cripto termina o ano substancialmente mais baixo, operando a apenas 20% do pico registrado durante a era Biden.
Essa contradição está no centro de um debate crescente sobre se a cripto enfrenta uma fase difícil ou se ocorreu uma ruptura mais profunda no setor.
O analista destacou um distanciamento inédito entre fundamentos e preços. Segundo Neuner, 2025 apresentou “todos os elementos para um bull market”:
Isso indica que as explicações tradicionais já não se aplicam. Teorias sobre ciclos de quatro anos, liquidez presa ou um momento de IPO para a cripto soam cada vez mais como justificativas ex post do que respostas genuínas.
Para Neuner, o mercado apresenta apenas dois caminhos plausíveis a partir de agora:
O comentarista de mercado Gordon Gekko, usuário popular no X, rebateu, argumentando que o sofrimento é intencional e estrutural, mas não representa disfunção.
Essa diferença reflete uma mudança mais profunda no comportamento da cripto em relação aos ciclos anteriores. No primeiro mandato de Trump, de 2017 a 2020, o setor prosperou em um ambiente regulatório praticamente ausente.
A especulação de varejo prevaleceu, o uso de alavancagem era irrestrito e a dinâmica de fuga para frente levava os preços muito além do valor fundamental dos ativos.
Na administração Biden, ao contrário, o mercado se institucionalizou. A regulação com foco na fiscalização limitou a exposição ao risco, enquanto ETFs, custodiantes e regras de compliance redefiniram a alocação e o movimento de capital.
Ironia ou não, muitos dos ventos favoráveis mais aguardados pela cripto chegaram justamente nesse período mais restrito:
O resultado é escala sem reflexividade.
Essa transformação estrutural tem sido especialmente dolorosa para as altcoins, com analistas e influenciadores como Shanaka Anslem, entre outros, avaliando que o mercado unificado de cripto já não existe mais.
Com isso, 2025 se dividiu em “dois jogos”:
O capital já não circula naturalmente do Bitcoin para as altcoins, a chamada temporada das altcoins. Ele flui diretamente para o segmento ao qual é destinado.
Segundo este formador de opinião, manter altcoins com base em teses por meses passou a ser a pior estratégia possível.
Talvez, este seja o fundamento da convicção de um trader, na busca pelo direcionamento certo. Lisa Edwards sustenta essa tese, sugerindo que participantes acompanhem os fluxos de liquidez do mercado.
Quinten François compartilha dessa perspectiva ao apontar que, em 2025, a quantidade de tokens supera expressivamente ciclos passados. Com mais de 11 milhões de tokens em circulação, a ideia de uma altseason ampla, semelhante à de 2017 ou 2021, pode estar superada.
Enquanto isso, pressões macroeconômicas continuam pesando sobre o sentimento do mercado. Nic Puckrin, analista de investimentos e cofundador da Coin Bureau, avalia que a queda do Bitcoin em direção à sua média móvel de 100 semanas reflete o receio renovado de uma bolha de IA, a incerteza sobre a futura liderança do Fed e vendas para compensação de perdas fiscais no fim de ano.
Não está claro se o mercado cripto está quebrado ou apenas passando por transformações, e investidores devem realizar suas próprias pesquisas.
O que se observa com clareza é que expectativas da era Trump colidem com a atual estrutura de mercado sob Biden, tornando o antigo modelo ultrapassado.
Debates entre economistas e investidores em grandes mesas sugerem forte reprecificação ou um rali de recuperação agressivo, o que pode definir a identidade da cripto no cenário pós-institucional.
O artigo Retorno de Trump trouxe tudo para o mercado cripto, exceto a alta foi visto pela primeira vez em BeInCrypto Brasil.


