Os mercados globais de commodities encerraram a terça-feira (16) com movimentos relevantes, pressionados por fatores climáticos, aumento de oferta e mudanças no cenário geopolítico. Café, milho, soja e petróleo registraram quedas, enquanto o dólar avançou no mercado local.
Segundo Guto Gioielli, fundador e analista do Portal das Commodities, o cenário continua no radar de investidores, principalmente pelos impactos sobre inflação, exportações brasileiras e empresas ligadas ao agronegócio e energia.
Confira a íntegra:
Os contratos futuros de café registraram nova queda e romperam níveis técnicos importantes. O preço perdeu a média móvel de 72 períodos, indicador usado para identificar tendência de curto e médio prazo.
No mercado, a região dos 400 pontos atuava como suporte, mas foi rompida após sucessivas tentativas de recuperação. Técnicos avaliam que, com a média de 20 períodos apontando para baixo, o ativo pode entrar em um movimento de correção mais prolongado.
O recuo está associado ao aumento da oferta global. Chuvas generalizadas no Brasil melhoraram as condições das lavouras, enquanto a colheita no Vietnã — principal produtor de café robusta — avança, ampliando a disponibilidade no mercado internacional.
O milho também operou em queda, refletindo a combinação de oferta confortável e dúvidas sobre a demanda nos Estados Unidos. No Brasil, o plantio da safra de verão alcançou cerca de 77,5% da área, segundo dados oficiais, reforçando a expectativa de boa produção.
Analistas destacam que, apesar da colheita brasileira só ganhar força a partir do segundo semestre, o mercado global segue bem abastecido. Os Estados Unidos devem permanecer como principal fornecedor mundial nos próximos meses.
Outro fator de pressão vem do setor de biocombustíveis. A indefinição sobre os mandatos de etanol para 2026 nos EUA gera cautela. Esses mandatos determinam o percentual obrigatório de etanol misturado à gasolina, influenciando diretamente a demanda por milho.
No campo técnico, o milho se aproxima de níveis considerados decisivos. Caso perca suportes, investidores monitoram a possibilidade de novas quedas nos preços.
Os preços do petróleo ampliaram a trajetória de queda e romperam o patamar de US$ 60 por barril em contratos mais líquidos. O movimento reflete a percepção do mercado de maior probabilidade de um acordo envolvendo Rússia e Ucrânia, o que pode reduzir riscos de oferta.
Além disso, sanções mais rígidas sobre a Venezuela seguem limitando a capacidade de exportação do país. A leitura do mercado é que mudanças no cenário político podem, no médio prazo, reorganizar a oferta global de petróleo.
A soja também encerrou o dia em baixa, pressionada pelo clima favorável no Brasil e pela ausência da China como compradora ativa no mercado no curto prazo.
Apesar da queda nos preços, os dados de comércio exterior seguem fortes. O Brasil já exportou cerca de 72,7% mais soja em relação ao mesmo período do ano anterior, caminhando para um novo recorde anual de embarques.
O aumento da oferta global limita movimentos de alta no mercado internacional, mesmo com volumes expressivos de exportação.
As exportações brasileiras de proteínas continuam avançando. A carne bovina registra crescimento próximo de 49% na comparação anual, enquanto a carne de aves e a carne suína também apresentam expansão relevante.
O desempenho do setor é acompanhado de perto pelo mercado, já que a produção de proteínas demanda grandes volumes de milho, o que pode ajudar a sustentar parte do consumo interno do grão.
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