O Bitcoin recuou aproximadamente 2% nas últimas 24 horas, negociando próximo a US$ 87 mil, estendendo uma sequência de perdas de quatro dias. A queda é impulsionada por saídas significativas de fundos de investimento em criptomoedas (ETFs) e pela reação dos mercados a dados econômicos fracos dos Estados Unidos, criando um cenário de incerteza que se estende além do mercado cripto.
As saídas líquidas de ETFs de Bitcoin atingiram US$ 357,6 milhões, o maior montante desde 20 de novembro, segundo dados da Binance. O fundo Grayscale liderou essas retiradas, sinalizando uma mudança no apetite institucional por ativos digitais. Analistas apontam que, se a pressão vendedora persistir, o Bitcoin pode cair abaixo de US$ 80 mil, com cenários técnicos mais pessimistas projetando quedas até US$ 74 mil.
Por outro lado, o Bitwise 10 Crypto Index Fund recebeu aprovação da SEC para ser negociado na NYSE Arca, representando um segundo ETP de índice cripto aprovado nos EUA — um sinal de que a regulação segue evoluindo apesar das incertezas.
O Ethereum seguiu o movimento do mercado cripto, com estabilização inicial mas sem sinais claros de reversão firme. Como é comum, o ETH tende a acompanhar a dinâmica macro e os fluxos do mercado de Bitcoin. Qualquer fortalecimento do BTC ou entrada líquida em produtos institucionais pode favorecer recuperações do Ethereum.
A volatilidade das criptomoedas não ocorre em isolamento. O PMI composto preliminar de dezembro dos EUA mostrou desaceleração da atividade empresarial, com o índice S&P Global em 53,0 — a leitura mais fraca desde junho. A queda nos novos pedidos sinaliza perda de impulso econômico ao fim do ano.
O payroll de novembro indicou criação de 64 mil vagas fora do setor agrícola, número acima do esperado que reduziu as apostas em cortes de juros imediatos pelo Federal Reserve e fortaleceu o dólar. Esse movimento afeta diretamente os mercados emergentes, incluindo o Brasil.
No Brasil, o Ibovespa caiu 2,42% em sessões recentes, com o real se desvalorizando frente ao dólar. A moeda comercial fechou a sessão a R$ 5,462, acumulando alta de 2,38% em dezembro, embora ainda apresente queda de 11,62% no ano. A indefinição sobre a trajetória da Selic doméstica e a manutenção de juros elevados nos EUA incentivam a migração de investidores para ativos em dólares.
A ata do Copom não deu sinais claros sobre quando começarão cortes da taxa básica de juros, mantendo a incerteza que pressiona tanto a bolsa quanto a moeda brasileira.
No front regulatório, o presidente da SEC, Paul Atkins, alertou que a tecnologia blockchain é “particularmente eficiente” em ligar transações a indivíduos, advertindo que criptomoedas podem se tornar uma “ferramenta poderosa de vigilância” financeira sem cuidados apropriados. Ele defendeu equilibrar a aplicação da lei com a privacidade dos usuários.
Nos EUA, a votação no Senado do projeto de lei CLARITY Act (Market Structure Bill), que buscava clarificar responsabilidades entre SEC e CFTC, foi adiada para o próximo ano, frustrando expectativas do setor por maior clareza regulatória. Relatórios indicam que quase 60% dos casos da SEC contra empresas de cripto foram dispensados ou pausados desde janeiro, sinalizando uma mudança na abordagem do órgão.
No Reino Unido, a FCA abriu uma consulta pública para um quadro regulatório abrangente sobre criptomoedas, com implementação prevista para outubro de 2027. A consulta ficará aberta até fevereiro de 2026 e aborda listagens, prevenção de insider trading, requisitos prudenciais e staking.
A administração Trump prioriza comércio sobre alianças tradicionais, buscando acesso a minerais estratégicos e redução da influência chinesa e russa na América Latina. O Brasil é visto como centro dessa política, com pouca margem de barganha devido à fragilidade militar e dependência de commodities.
Negociações entre EUA e Ucrânia oferecem garantias de segurança fortes, semelhantes ao Artigo 5 da OTAN, esperando aceitação russa para encerrar a guerra rapidamente e acessar recursos russos como petróleo e minerais. Análises da Bloomberg indicam que os EUA enfrentam dificuldades para superar a China, que lidera em quase todos os setores estratégicos.
A China, por sua vez, encerra novembro com sinais claros de desaceleração econômica, marcados pela queda dos investimentos, enfraquecimento do varejo e impactos prolongados. A economia da América Latina e Caribe deve crescer apenas 2,4% em 2025, refletindo demanda interna fraca e incerteza global.
Investidores devem acompanhar:
O recuo do Bitcoin para US$ 87 mil reflete não apenas dinâmicas internas do mercado cripto, mas também a desaceleração econômica global, incertezas sobre política monetária e tensões geopolíticas que redesenham o comércio internacional. A convergência desses fatores cria um ambiente de volatilidade que tende a persistir até que haja maior clareza sobre a trajetória dos juros globais e a resolução de conflitos geopolíticos em aberto.
Para investidores brasileiros, a combinação de pressão no real, indefinição sobre a Selic e volatilidade cripto exige cautela e diversificação estratégica. O mercado aguarda sinais mais claros das autoridades monetárias e desenvolvimentos nas negociações geopolíticas que moldam o cenário econômico global.


