Fim da Azul (AZUL4)? Companhia convoca assembleia para extinguir ações preferenciais
A Azul (AZUL4) avançou mais uma etapa relevante do seu processo de reestruturação ao convocar uma Assembleia Geral Extraordinária e uma Assembleia Especial para o dia 12 de janeiro de 2026. Na pauta, está uma proposta que pode marcar o fim das ações preferenciais da companhia e alterar de forma estrutural sua base acionária.
O plano prevê a conversão de todas as ações preferenciais em ações ordinárias, fazendo com que o capital da aérea passe a ser composto exclusivamente por papéis com direito a voto. A medida faz parte do plano de recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos, conduzido sob o Chapter 11, e já havia sido sinalizada ao mercado em comunicados anteriores.
Na prática, a proposta estabelece que cada ação preferencial (AZUL4) será convertida em 75 ações ordinárias (AZUL3). Segundo a administração, a proporção foi definida com base na relação econômica histórica entre os dois tipos de papéis.
Atualmente, a principal diferença entre as ações está nos direitos associados. As preferenciais garantem prioridade no recebimento de dividendos, enquanto as ordinárias asseguram direito a voto nas assembleias. Com a conversão, essa distinção deixa de existir, unificando todos os acionistas sob a mesma classe de ações.
Para que a proposta seja aprovada, será necessário o aval de dois grupos distintos. Os detentores de ações preferenciais precisarão aprovar a conversão em assembleia especial, enquanto os acionistas ordinários deverão confirmar a decisão em assembleia geral extraordinária, ambas marcadas para o mesmo dia.
Segundo a Azul, a extinção das ações preferenciais é uma exigência do plano de recuperação aprovado pela Justiça americana. A companhia afirma que a simplificação da estrutura societária é um passo necessário para avançar no processo de reorganização financeira.
Esse plano envolve a renegociação de dívidas, a capitalização de créditos e a redefinição dos direitos entre acionistas e credores. Ao eliminar a coexistência de diferentes classes de ações, a Azul busca reduzir complexidades em um momento sensível da sua reestruturação.
Um ponto central da proposta é que não haverá direito de retirada para os acionistas que discordarem da conversão. Embora o direito esteja previsto no estatuto, a companhia afirma que ele não se aplica neste caso.
Segundo o comunicado, o valor de reembolso deve considerar o menor valor entre o valor econômico e o valor patrimonial contábil. Como o patrimônio contábil da Azul é negativo — e deve permanecer assim na data da conversão —, o reembolso seria equivalente a zero real por ação preferencial.
Na prática, isso significa que o acionista da AZUL4 que optasse por sair da companhia abriria mão de qualquer valor residual atrelado à sua participação. Já para os atuais detentores de ações ordinárias, a conversão tende a provocar diluição do poder de voto, já que o número de ações com direito a voto aumentará de forma expressiva com a extinção da AZUL4.


